Rupturas na cadeia de suprimentos fazem parte do cenário global e, historicamente, têm se mostrado cada vez mais frequentes e complexas. Pandemias, desastres naturais, tensões geopolíticas, greves e impactos climáticos extremos impõem desafios recorrentes às operações logísticas e ao abastecimento global. Diante desse cenário, a capacidade de antecipação e reação tornou-se um diferencial estratégico para empresas que buscam manter competitividade e continuidade operacional. A pergunta não é se vai acontecer de novo, mas como estamos nos preparando para quando acontecer.

No S&OP Exxperience 2025, evento realizado em São Paulo, especialistas discutiram os caminhos para tornar o planejamento mais robusto e preparado para imprevistos. Entre os temas centrais, destacou-se o papel do Sales & Operations Planning (S&OP) como instrumento de gestão de riscos e resiliência.

 

Por que as rupturas continuam custando tão caro?

De acordo com o estudo The Business Cost of Supply Chain Disruption, citado na palestra, as empresas gastam em média US$ 184 milhões por ano com rupturas em suas cadeias de suprimentos. Dessas:

  • 33% enfrentam aumento nos custos operacionais;
  • 38% registram danos à reputação;
  • 18% relatam perda direta de receita.

Além dos efeitos imediatos, novos fatores de risco já moldam o cenário atual: instabilidade política, ataques cibernéticos, volatilidade econômica e mudanças no perfil das novas gerações de profissionais.

Frente a esse contexto, a adoção de processos mais integrados e tecnologias de apoio tornou-se essencial. E é nesse ponto que o S&OP assume um novo papel, como catalisador da transformação.

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S&OP como ferramenta de gestão de riscos

Mais do que um processo de alinhamento entre vendas e operações, o S&OP é hoje um instrumento central na estratégia de resiliência das empresas. Quando bem estruturado, permite antecipar rupturas, construir planos de contingência e reagir com agilidade às mudanças do mercado.

Dados recentes reforçam a relevância desse processo:

  • 80% das empresas que simulam cenários se recuperam mais rapidamente de disrupções (Deloitte);
  • Redução de até 20% na diferença entre demanda prevista e realizada (Gartner);
  • 72% das empresas que aplicam IA no S&OP melhoram visibilidade e reduzem riscos operacionais (McKinsey).

O papel do S&OP na gestão de riscos

 

Planejamento proativo: um caso de antecipação bem-sucedida

Durante o evento, foi apresentado um case real que demonstra o valor do planejamento antecipado. Em 2024, diante da possibilidade de uma greve nos portos dos Estados Unidos, um alerta foi emitido com mais de três meses de antecedência. A partir dessa sinalização, a equipe de supply chain ativou o ciclo de S&OP e iniciou o mapeamento de cenários e impactos.

Com apoio das áreas de finanças e comercial, foram estruturadas ações de mitigação, como antecipação de compras, ajuste de estoques estratégicos e redirecionamento de rotas logísticas. A comunicação com clientes foi transparente desde o início, gerando confiança e previsibilidade mesmo diante da incerteza.

Quando a paralisação ocorreu, os impactos foram absorvidos dentro do lead time previsto, sem comprometer o nível de serviço. O resultado reforça uma premissa essencial: resiliência se constrói antes da crise — não durante.

 

10 passos para tornar o S&OP mais resiliente

A construção de um S&OP robusto exige organização, visão estratégica e um trabalho transversal entre áreas. A seguir, um conjunto de boas práticas que ajudam a preparar o processo para rupturas:

  1. Mantenha-se informado: monitore eventos globais e tendências regulatórias;
  2. Entenda sua supply chain: conheça bem seus fornecedores, lead times e interdependências;
  3. Ajuste políticas de estoque e lead times: esteja pronto para antecipar ou adiar movimentações;
  4. Envolva compras e contratos: garanta que os acordos estejam alinhados ao ciclo do S&OP;
  5. Diversifique fornecedores: evite dependência de uma única fonte;
  6. Invista em tecnologia e dados: IA e plataformas digitais são aliadas na análise de cenários;
  7. Simule riscos e planeje respostas: deixe alternativas mapeadas para eventos críticos;
  8. Integre todas as áreas: da operação ao comercial, passando por logística, TI e finanças;
  9. Crie um plano de resposta a crises: defina responsáveis e fluxos claros de decisão;
  10. Monitore e ajuste continuamente: os KPIs precisam refletir a realidade e guiar os próximos passos.

 

S&OP, um diferencial competitivo

A adoção de um S&OP estratégico permite que as empresas não apenas absorvam choques e trabalhem reativamente, mas se destaquem por sua capacidade de adaptação. Em um mundo onde rupturas se tornaram regra — e não exceção —, o planejamento integrado passa a ser mais do que uma boa prática: é um diferencial competitivo para quem busca crescer com consistência, mesmo em cenários incertos.

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